Na atualidade, muitas doenças já conseguiram ser extinguidas, seja por meio de vacinas ou campanhas que tiveram uma grande porcentagem de sucesso, contudo, o que agrava a saúde do mundo de forma maior atualmente, são as doenças psicológicas.
Estimasse que somente no Brasil, cerca de 6% da população sofra de depressão e que mais de 8% sofra de ansiedade. Os dados são alarmantes e tem tendências a se tornarem cada vez maior com o passar dos anos.
A realidade da sociedade atual, que trabalha cada vez por mais horas, que convivem com altas taxas de estresse, se tornam cada vez mais solitários e que não buscam ajudas profissionais, contribuirão para que os números e portadores aumente substancialmente.
Contudo, o que torna ainda mais triste esses dados é ter o conhecimento de que a sociedade ainda não está completamente preparada para lidar com essas doenças. Muitas pessoas, principalmente as mais velhas, tendem a não compreender bem que a depressão, assim como a ansiedade, se trata de uma doença, como uma gripe, varíola, meningite e outras, e muitas vezes, pode ser até pior, pois deteriora a nossa mente, e consequentemente em seguida, nosso corpo.
Para as pessoas que não compreendem, as frases “Não é nada, é só não pensar nisso”, “Comece a agir, cabeça vazia dá nisso!”, “Relaxe”, “É falta de amadurecimento, vai passar!”, “Você não precisa chorar, não tem motivos!” são figurinhas carimbadas, e ajuda profissional é “coisa para loucos!”. Por mais que parece falas e atitudes de um século distante, elas estão presentes no dia a dia mesmo, e muitas vezes próximas a nós. Para esses indivíduos, ter uma doença da mente, é sinal de fraqueza e vulnerabilidade, quando de fato, não é bem assim que funciona.
O que realmente devemos compreender, é que assim como tratamos uma gripe, com descanso, remédios e terapias medicinais, precisamos tratar dessas doenças psicológicas com ajuda de profissionais, e até mesmo em casos mais extremos, com a ajuda de medicamentos. E não, não pense que isso é um sinal de fraqueza, afinal, você não sararia de uma meningite com unicamente a frase “É só uma dorzinha, vai passar, é só dormir!”, então, não se sinta ainda mais fragilizado pelo pensamento incorreto dos outros.
Através desse artigo, vamos explanar como se assemelham alguns sentimentos e sensações ao ter essas doenças, sempre enfatizando que, antes de qualquer coisa, procure por ajuda profissional, pois são eles que principalmente lhe ajudarão a escalar essa muralha de sua vida.
A Depressão
Muitas pessoas que sofrem dessa doença compartilham de um pensamento em comum. Quando perguntadas sobre o quão difícil é sair de um quadro de depressão, elas dizem que de fato, é algo inexplicável, pois o machucado não está no corpo, ele está na alma, e a alma é muito difícil de se curar.
A pessoa com depressão não consegue mais enxergar o mundo de forma colorida, não literalmente, mas, figurativamente. Essa pessoa não possui motivação, alegria, animação e simplesmente tudo que a rodeia a faz sentir triste, exausta e irritável com muita facilidade.
De forma geral, as pessoas que sofrem com a depressão costumam já estar carregando um fardo muito grande, com decepções, situações complicadas, medos, angústias e outros. Tudo isso é somado até o ponto que transborda, e infelizmente o indivíduo já não dá conta de guiar seus pensamentos sozinhos. A única motivação existente em seu corpo é a desistência, e por esse motivo, é necessário sempre ter um acompanhamento.
Por muitas vezes, vemos e ouvimos falar de casos graves, que levam até mesmo a fins trágicos, contudo, nem todos são de fato assim. Em uma grande porcentagem de caso, com o devido acompanhamento e ajuda de familiares, é possível sim controlar e se ter uma vida dentro da normalidade, sempre com muito cuidado.
Assim, como outras doenças, a depressão pode ter gatilhos que se ativados, podem destruir a mente da pessoa, e justamente por isso, é de extrema necessidade que haja o acompanhamento com profissional adequado, a fim então de que juntos, paciente e profissional consigam chegar em um meio de reprimir os pensamentos, modifica-los ou extingui-los de sua rotina.
A Ansiedade
Assim como a depressão, a ansiedade é uma doença psicológica, e pode ser desenvolvida por diversos fatores. Esse sentimento em seu primórdio é algo natural, e muitas vezes positivo para nosso corpo, pois, em dadas circunstâncias garantem uma boa saúde mental e psicológica.
Contudo, existem casos em que esse sentimento transborda, assim, como uma taça de champagne ao ser cheia demais. Entenda, é normal que você sinta aquele frio na barriga, a mão mais gelada e tenha pensamentos pessimistas por exemplo, antes de uma entrevista de emprego ou até mesmo de um encontro.
Porém, ao se tratar de uma doença, a ansiedade é bem mais complexa. O indivíduo que sofre de um transtorno de ansiedade, muitas vezes sente os mesmos sintomas acima, mas, além de mais apurados, são também acompanhados de outros sintomas mais graves e que permanecem resultando em seu corpo por muito mais tempo.
Hipoteticamente falando, é como se uma pessoa estivesse por exemplo em um brinquedo de parque de diversões bem radical.
Ao atingir um certo momento, essa pessoa irá suar, sentir um gelo na espinha, paralisar, ter pensamentos de “Eu realmente deveria estar aqui?”, vai se perguntar se aquela decisão foi correta, pensamentos de que algo ruim vai acontecer vão surgir, seu coração e respiração vão acelerar, todas as sensações estarão bagunçadas e foras de ordem, sua visão pode se tornar turvar e um medo irreal pode invadir seu peito.
Só de imaginar tudo isso acontecendo, é horrível, mas, para uma pessoa com o transtorno de ansiedade, tudo isso se multiplica mil vezes, da mesma forma que é repassado na mente essa mesma quantidade, e por fim, não se sabe quando essa sensação irá parar e desaparecer momentaneamente.
A pessoa não tem controle sobre as suas emoções, sentimentos ou ações, é como um trem descarrilhado, que de forma alguma irá parar sem ter a ajuda necessária.
Nem sempre a depressão e ansiedade irão surgir uma atrelada a outra, porém, pode sim ocorrer casos em que as duas se manifestem no mesmo indivíduo, e é algo que não é tão raro quanto se pensa.
De toda forma, é indispensável que se compreenda que problemas psicológicos não são escolhas, e que principalmente não seja romantizado essa situação. É necessário se ter atenção a nós mesmos e a quem mantemos por perto, a fim de que, caso seja notado algum sintoma e o agravamento dele, seja buscado o mais breve uma ajuda profissional.
Outro fato a nos atentarmos, é que de nenhuma forma essas doenças são consequências de nossas escolhas, afinal, elas surgem justamente no momento em que nossa mente está batalhando para nos manter saudáveis e ser forte, mas, há um esgotamento por parte dela, assim como funciona a exaustão do nosso corpo, mediante muito esforço.
É sempre importante ressaltar que nenhuma pessoa está fora livre de em algum momento da vida se encontrar relacionado com uma dessas doenças, seja de forma direta ou indireta, e que, se caso aconteça, desmistifique as afirmações de que apenas loucos devem ir ao psicólogo ou demais profissionais.
Que possamos em tudo sermos compreensivos, nos auxiliar e tentar entender cada dia mais nossos sentimentos, lidando com os mesmos de forma saudável. Não se reprime, e não se envergonhe de pedir ajuda quando necessário. Em realidade, é indicado que todos nós façamos terapia, a fim de conseguirmos nos conhecer cada vez melhor, e até mesmo ter uma melhor qualidade de vida.
E por fim, que sejamos conosco e com os outros cada dia mais compreensivos, sem julgamentos ou preconceitos, afinal, todos somos dotados de sentimentos, e não conseguimos prever como podemos em um futuro estar. É essencial sermos conscientes e prestativos, para assim, ajudar a sociedade a se tornar mais saudável e gerar uma comunidade que apoie cada dia mais essas pessoas.